segunda-feira, 22 de outubro de 2012

são jorge protetor


SÃO JORGE PROTETOR



OBS: Vocês já conseguiram, nas noites de lua cheia, avistar o São Jorge na lua? Em todas as luas cheias, eu o vejo, montado em seu cavalo, com aquela lança enfrentando o dragão.
Dr. Jorge (meu leitor número um), em sua homenagem vou escrever uma historinha. Inspirarei-me em você e nos outros JORGES de nossas vidas. Dedico também, aos jovens que gostam de aventuras intergalácticas, pois eles poderão se interessar em minha historinha mais do que outros leitores.


Ao criar o universo, Deus colocou na lua o São Jorge, o santo guerreiro, pra vigiá-la. Com sua espada e montado em seu cavalo, São Jorge fica vigiando quem está se aproximando.
Sabendo disso, certa noite, aterrissou uma nave de humanos na lua, curioso, São Jorge desceu de seu cavalo e ficou a espreita pensando: “Quem serão estes intrusos, que estão por aqui?”.
Escondido, São Jorge ficou a observar o que os astronautas poderiam fazer. Os humanos desceram e andaram para um lado e para o outro, analisando cada pedaço de rocha e encantados com tanta beleza.
São Jorge, então, teve uma ideia: “Enquanto eles estão distraídos, eu vou ate à nave deles, para pregá-los uma peça. Assim, eles não retornarão mais aqui”. E, assim, praticou.
Os astronautas, depois de fazer algumas pesquisas, comentaram: “Pronto! Recolhemos tudo o que precisávamos. Podemos ir embora!”. E, ao tentarem ligar a nave, a geringonça não funcionou. Depois de muitas tentativas frustradas e eles já desanimados, São Jorge apareceu. Os humanos ficaram apavorados com aquela aparição.
Foi quando São Jorge falou para eles: “Isto aqui não é para vocês humanos! Meu mestre, o senhor Deus, já deu a vocês o planeta Terra e o que vocês estão fazendo com ele? Estão o destruindo, gerando toda essa ganância e maldade. Aqui não tem nada pra vocês. Nem em qualquer outra parte do universo. Meu mestre colocou limites distanciais intransponíveis, para que assim, vocês nunca possam transpô-los. Tome aqui este parafuso que tirei da nave de vocês. Vou deixá-los partir. Mas tem um ‘porém’, me façam a promessa de que nunca mais voltarão por aqui. Combinado?”.
E eles assim prometeram. Até hoje, nunca mais voltaram por lá. Alguns que tentaram já morreram, outros ficaram meio alucinados e esquisitos. Como alertei acima, tenham cuidado no que vão praticar. São Jorge está de olho aberto nos espiando.

AUTORIA: Mario Garcia Aguiar

seu mario pescador


SEU MARIO PESCADOR

  
OBS: Assim como os casos dos pescadores da historinha “O PESCADOR QUE ENCANTOU A SEREIA”, eu também vou contar o meu relato de pescador.

Certa noite em Marataízes, eu fui pescar lagostas com minha tarrafa, nos rochedos à beira mar.
            Eu jogava a tarrafa em vários pontos, onde é melhor para pesca. Porém, eu não estava conseguindo pegar nenhum peixe, até que cheguei a um lugar diferente.
Indeciso se eu  jogava a tarrafa ou não, pois era uma local difícil, devido a um buraco de mais ou menos uns dois metros de altura. Era alto e perigoso onde eu estava. As ondas batiam nas pedras, mas com imprudência lancei minha tarrafa e assim ela agarrou nas pedras.
Após muita insistência e eu a puxando com muita força, a tarrafa veio cedendo, cedendo. Eu estava quase conseguindo pegá-la, quando observei uma ESPIA (nome dado à corda amarrada à tarrafa, para lançá-la e puxá-la).
 Puxei forte minha tarrafa, ela estava bem pesada, junto a tal corda. Vim puxando, puxando a tarrafa, que estava trazendo outra tarrafa. E por surpresa maior, esta outra estava cheia de lagostas.
Fiquei eufórico com o acontecido, pois havia ganhado uma tarrafa novinha e um montão de lagostas. Eu tirei as lagostas da nova tarrafa e coloquei-as no saco.
Mas, na hora que eu ia saindo, eu ouvi uma voz meia roca falar: “Largue esta tarrafa, porque ela é minha! Eu a joguei no mar e esta, agarrou no fundo de uma pedra. Depois disso, eu resolvi, com muitas dificuldades, descer para soltar as lagostas, mas acabei morrendo afogado. E, assim, o mar com suas ondas me levaram e a tarrafa ficou ali armazenando estas lagostas”.
 Quando eu ouvi isso, me assustei um pouco, mas como sou igual ao “CAVALEIRO VIAJANTE”, o qual eu contei pra vocês a história, peguei as tarrafas as lagosta e parti para minha casa.

AUTORIA: Mario Garcia Aguiar

o pescador que encantou a sereia

O PESCADOR QUE ENCANTOU A SEREIA



OBS: A lenda conta que a sereia encantava os marinheiros com seus cantos, mas desta vez eu vou contar o contrário. Nessa historinha o pescador é quem encanta a sereia.

Certo pescador saia todos os dias para pescar. Ele partia ao amanhecer, sozinho em seu barquinho, pois assim curtia o mar por mais tempo. Além disso, ele gostava muito de cantar, sua voz era afinada e vibrante, todos a elogiavam, suas canções era suaves, como o cantar das sereias nas lendas.
Num dia desses, com o sol já raiando e a brisa fininha batendo na janela da casa, o pescador se levantou, tomou um café quentinho, pegou sua vara de pescar, seu molinete, as iscas e partiu para a praia. 
Lá chegando, puxou a âncora de seu barco, o empurrou até a beirada d’água e começou a remar. Ele levantou a vela do barco e ficou esperando uma oportunidade para pescar. Jogou a âncora do barco ao mar, içou seus anzóis com as devidas iscas e começou a cantar.
Cantarolou por várias horas, até que, de repente, um lindo rabo de peixe esverdeado, se projetou perto de seu barco. Bastante eufórico com a situação, ele parou de cantar e o peixe sumiu. Já recuperado do susto, continuou sua pescaria e começou a cantar novamente. Mais uma vez, o rabo de peixe apareceu brilhando ao seu lado e com aquele acontecimento, ele parou de cantar de vez. Diante disso, o peixe também desapareceu.
Estava entardecendo e, então, o pescador decidiu voltar para sua casa. Ele recolheu os peixes que conseguiu pescar, os armazenou em caixas com gelos e partiu de volta.
 Ao chegar ao vilarejo, foi até às peixarias, vendeu os peixes e recebeu seu dinheiro, bastante satisfeito. Depois disso, o pescador foi para o boteco do Mané, se encontrar com seus amigos pescadores.
Lá chegando, ele encontrou sua turma que, estava toda reunida, após terem pescado, assim como ele.  Eles gritaram: “Venha pra cá, cantor! Que nós estamos esperando você cantar pra nós! Tome logo esta gelada, que ajuda a lavar a garganta!”. E assim, o pescador começou a cantarolar.
Ao ouvirem o pescador cantando, seus amigos pararam de conversar e ficaram hipnotizados com aquele maravilhoso som. O pescador cantou, cantou, até que parou um pouco para descansar. Eles, então, comentaram: “Nossa camarada, você tem uma voz magnífica! Deveria ser cantor profissional! Mas, agora vamos contar nossos casos!”.
Cada pescador dali tinha um apelido. Quase todos com a alcunha de algum peixe. Tinha o vulgo BAIACU  que possuía uma enorme barriga. O GURUÇÁ  que era baixinho, achatado com aparência de siri. O NAMORADO, que era muito mulherengo. O PERUÁ, que era pobre e ficou rico. E, como estes, havia vários outros apelidos. Um deles gritou: "GURUÇÁ, conte pra gente um de seus casos engraçados!”.  
E o GURUÇÁ respondeu: “Está bem, eu contarei para vocês, mas estou com receio de contar e vocês não acreditarem em mim, porém vamos lá! Em uma de minhas pescarias, peguei um Dourado, muito bonito por sinal e decidi levá-lo pra minha casa. Assim, eu poderia fazer uma deliciosa moqueca de dourado. Eu, então, fui pra minha casa. E já na cozinha, eu comecei a preparar o peixe. Tirei suas escamas e quando abri sua barriga, eu encontrei uma bela ova amarelinha. Com pena, peguei as ovas em minhas mãos e fiquei sem saber o que fazer com elas”.
Ele continuou: “Olhei pela janela e avistei em meu terreiro uma pata, toda arrepiada. Matutei, matutei e tive uma ideia. Eu peguei uma bacia com água, peguei as ovas e as coloquei na água. Coloquei a pata choca na água e botei uma toalha em cima deles, deixando só a cabeça da pata pra fora, pra ela se alimentar. Ao passar um mês, os tratando bem todos os dias, resolvi levantar a toalha pra ver o resultado. Vocês não vão acreditar! Dentro da água havia uma porção de peixinhos nadando!”.
 A turma caiu na gargalhada: “kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk”. E o GURUÇÁ meio sem graça, comentou: “Por isso que eu não queria contar, sabia que vocês não acreditariam em mim! Mas vamos fazer algo melhor agora. Vamos comer esta jaca que BAIACU trouxe pra gente!”. A turma, então, comeu a jaca toda.
Depois disso, BAIACU falou: “Vou lhes contar sobre esta jaca, que vocês acabaram de comer. Eu tinha um cachorro muito bravo, no quintal de minha casa. O bicho era tão bravo, mas tão bravo que ninguém entrava lá. Mas o pior aconteceu. o danado ficou tão doido, que nem eu conseguia pegá-lo. Então, eu tive uma ideia. Fui chamar meu vizinho, que é boiadeiro e bom de laço, para pegar o cachorro doido. Assim procedi. Fui até ao meu vizinho e ele, com a maior boa vontade, aceitou meu pedido”.
“Meu vizinho, então, laçou o meu cão e, assim, o amarramos em um tronco de abacateiro. Mas o bicho estava tão feroz, que de tanta raiva mordeu o tronco do abacateiro. Vocês conseguem imaginar uma dentada dessas? De tão raivoso, os dentes do cão ficaram agarrados ao tronco do abacateiro, e de fúria meu cão morreu. Já faz um ano que isso aconteceu. Agora vocês não vão acreditar mesmo. O abacateiro também ficou doido! Ao invés de abacate, o abacateiro passou a produzir jacas. E esta que eu trouxe para vocês é uma delas!”.
 Após ouvir o caso de BAIACU a turma caiu na gargalhada e um deles exclamou: “Acho que essa jaca vai fazer a gente ficar doido também! kkkkkkkkk”. BAIACU, então, virou para o pescador cantor e falou: ”Você está tão quieto, cantor. Você está passando mal por comer a jaca doida? Conte-nos alguma coisa!”. O cantor o respondeu: “Estou quieto porque eu estou preocupado com o que aconteceu hoje comigo”. 
E ai, falaram: “Não fique assim, cara. Fala pra gente o que esta te preocupando”Então, o cantor começou a contar: “Hoje cedo, eu fui pescar e lá pras tantas, eu comecei a cantar. E ai, apareceu um lindo rabo de um peixe do lado de meu barco. Cada vez que eu parava de cantar, o peixe sumia. E quando eu voltava a cantar o rabo aparecia de novo. Até que parei de vez de cantar e o peixe também sumiu”.
 Ao contar esta passagem acontecida, um senhorzinho velho gritou lá de trás: “Seu moço, seu moço, isso ta mais pra sereia do que peixe. Seu canto a seduziu. Ela deve ter se apaixonado por você. As sereias adoram seduzir os pescadores com seus cantos hipnotizantes. Mas desta vez o senhor que a hipnotizou com seu canto. Provavelmente ela deve estar querendo te pegar. Assim como fazem as mulheres, quando querem nos atrair. Elas mostram colocam suas penas bonitas de fora e se arrumam todas. Já a sereia, por não ter pernas, mostra sua cauda para o pescador”.
O cantor falou: “Vocês estão ficando doidos mesmo. Depois dessa eu vou pra casa”. E descontraído, ele saiu de lá rindo.

P.S: Além de escritor, sou também pescador. E na próxima historia, vou contar um relato que aconteceu comigo. Dizem que histórias de pescador são mentiras. Mas garanto que a minha é verídica.

AUTORIA: Mario Garcia Aguiar

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

o cavaleiro viajante (parte 2)




Reuni meus netinhos em rodinha na sala, e sentado na poltrona, eu comecei a contar essa historinha.



















O CAVALEIRO VIAJANTE (PARTE 2)


OBS: Essa historinha sempre deu um pouco de medo nos meus netinhos. Pois, nas partes em que a porteira, a coruja e a alma aparecem, eu aumentava o tom de voz e meus netos se assustavam. Aconselho a vocês leitores, contar essa historinha fazendo o mesmo que eu.


Após ter abrigado a velhinha e seu netinho, em sua fazenda, os deixando protegidos e amparados, por sua esposa e empregados, o cavaleiro viajante partiu em busca de outra aventura.
O cavaleiro, então, decidiu comprar mais gados em outras regiões, as quais ele poderia consultar preços. Caminhou o dia todo até chegar a uma cidadezinha bem pobre.
Ao chegar lá, já cansado, ele procurou por uma pensão, para poder passar a noite. Perguntou a varias pessoas se elas conheciam alguma pensão para ele poder se abrigar. Porém ele perguntava, perguntava e ninguém lhe informava onde havia algum lugar barato e simples por ali.
Quase desistindo de procurar, o cavaleiro encontrou um senhorzinho, que estava sentado em um canto sujo, com um chapeuzinho de palha meio rasgado na cabeça, que lhe informou o seguinte: “Seu moço, aqui é um vilarejo muito pobre e vazio. Não temos quase nada para oferecer aos visitantes, deste lugar. As pessoas que passam por aqui, assim como você, têm dificuldades em achar algum local para se alojarem. Mas se o senhor for um homem corajoso e valente, posso te dar um conselho”.
O velhinho se benzeu e ainda comentou: “Bem ali no alto daquela montanha nebulosa, há uma antiga fazenda e um casarão abandonado. Ao lado tem umas ruínas de uma velha igrejinha que costumava ser frequentada pelos antigos desse lugar. Atrás da igrejinha há um cemitério, que há anos não é utilizado. Todos aqui fingem não saber que esse cemitério existe. Há lendas e mistérios por detrás daquela montanha. Mas, se decidir ir até lá, o senhor vai avistar ao longe a porteira da fazenda, que lhe contei. Tome muito cuidado seu moço! Quase todos que aqui chegaram e na montanha resolveram se abrigar, não mais foram vistos. Alguns moradores dizem que eles aparecem durante a noite, procurando o caminho da vida de volta”.
O cavaleiro, diante disso, falou pra seu informante: “Meu amigo, eu não tenho medo de nada neste mundo. Vou até lá e me abrigarei no casarão. Eu estou cansado da viagem e nada me assustará! Muito obrigado por sua ajuda”. E assim, se foi o cavaleiro.
Subiu o morro e avistou a tal igrejinha. Ao se aproximar, encontrou a tal porteira e esta foi se abrindo, abrindo, abrindo sozinha, fazendo aquele barulho de porteira velha: “rriiii-eeeee-mmmmmmm”.
O cavaleiro, valente e corajoso, pensou: “Nossa, que interessante essa porteira se abrir sozinha! Deve ser a tal da porteira eletrônica!”. E ao se aproximar mais, subitamente, uma enorme coruja voou rente ao seu rosto: “fu-fu-fu-fu-fu-fu-fu”. E nem assim, o cavaleiro se assustou. Permaneceu cansado e tranquilo. Ele, então, entrou na fazenda, avistou o tal casarão e caminhou até lá.
 Ao chegar perto da entrada do casarão, a maçaneta vagarosamente se virou e a porta, assim como a porteira, se abriu sozinha. O cavaleiro desceu de seu cavalo, tranquilo, vendo a porta se abrir e assim, agindo como se aquilo fosse normal, ele pegou sua mochila e entrou no casarão.
Ao entrar, o cavaleiro se deparou com um enorme vão central com duas escadas laterais, enormes corrimãos dourados e um longo corredor obscuro por entre as escadas. O local era iluminado apenas à luz de velas, cheio de ratos e teias de aranhas. Como ele estava cansando, e sem tempo para pensar em medo, corajosamente, o cavaleiro subiu as escadas e caminhou até chegar a um pequeno quarto, no qual a porta se encontrava semiaberta.
 Sem pestanejar, ele entrou no quarto e avistou uma grande cama imperial, com cortinas e lençóis amarelados, devido às poeiras e o tempo. A janela do quarto estava aberta e com seus vidros quebrados. O vento uivava em seus ouvidos. Ainda assim, o cavaleiro pegou o lençol, o sacudiu, o estendeu e sentou. Já tonto de sono, tirou suas botas e se deitou na cama caindo em um sono profundo.
Já era meia noite...

Neste momento, minha netinha Carol, já tremendo de medo, quis mudar o horário da historinha: “Vovô, não fala que era meia noite, por favor, fala que era meio dia”. Eu, então, respondi a ela: “Não me interrompa, Carolzinha. Minha história tem de se passar à meia noite, para ficar legal”. E, eu continuei a contar a historinha.

(CONTINUANDO)
Já era meia noite...

Minha netinha novamente me interrompeu: “Fala que era meio dia vovô!”. E assim, eu falei: “Para com isso minha neta, se não eu vou parar de contar essa historinha!”. E ela me falou: “Tudo bem, não pare vovô, continue!”. Eu a respondi: “Então, vamos mudar essa hora e prosseguir a historinha. Vou dizer outra coisa agora”.

(CONTINUANDO)
Lá pras tantas horas, o cavalheiro acordou com um barulho estranho e ouviu um barulho de botinas caminhando pelo corredor: “toc-toc-toc-toc...”. Ele se levantou e foi em direção a porta do quarto. Ele não avistou nada, mas sentiu a beirada do colchão abaixar, como se uma pessoa estivesse sentando ali.
Dessa forma, com toda sua coragem, o cavaleiro manteve a calma e não se assustou, diante daquele acontecimento. Ele indagou: “Quem está ai?”.
Uma voz, meio rouca, o respondeu: “O senhor é um homem de coragem, porque todos que aqui vieram, morreram de medo e, assim, foram embora, sem, ao menos, me ouvir. Por isso, te revelarei uma coisa. Em vida, eu construí esta igrejinha, para a qual arrecadei muito dinheiro. A maior parte deste dinheiro, eu guardei num caixote, pra caso eu precisasse mais tarde. Já adoecido eu o enterrei, no cemitério ali atrás da igreja, pensando que quando eu morresse, o traria comigo para pagar meus pecados. Mas acontece que para onde eu vim, fiquei vagando pelo espaço e uma voz celestial falou pra eu me desfazer desde dinheiro, que neste lugar nada se compra. Disse-me para praticar alguma boa ação, que assim, eu conseguira entrar no reino do pai misericordioso. Entretanto está difícil de cumprir esta tarefa, devido ao que te contei. Ainda bem que você veio até aqui. Amanhã bem cedo, você deve ir atrás da igrejinha e cavar uns dois metros. Depois disso, você encontrará o caixote, cheio de moedas. Leve-o consigo e distribua para as pessoas pobres. Faça isso!”.
Depois disso, o colchão voltou ao normal e a alma desapareceu. No dia seguinte, o cavaleiro acordou bem cedo e lá se foi à procura do caixote.
Ao chegar ao local indicado pela alma, ele encontrou uma picareta e começou a cavar, até que bateu numa caixa e constatou ser o caixote do falecido padre. Ele, então, o retirou pra cima e abriu sua tampa. Lá estavam as moedas de ouro. Ele as pegou, as levou pra dentro do casarão e guardou todas as moedas em sua mochila. Ele saiu imediatamente do casarão e, então, montou em seu cavalo e cavalgou para cumprir sua missão.
Pelos caminhos de sua volta, cada casebre pobre que o cavaleiro avistava, ele parava e distribuía um punhado de moedas de ouro para os humildes habitantes. E assim, ele foi chegando à sua fazenda, com sua mochila vazia. Ao aproximar-se de sua porteira, viu-a abrindo sozinha e ouviu uma voz celestial, suave, falar: “Muito obrigado, cavaleiro! Eu estou agora no céu, com nosso senhor e querido Deus. Ele está te abençoando!”. Agradecido e Contente, o cavaleiro voltou ao seio de sua família.

AUTORIA: Mario Garcia Aguiar

terça-feira, 9 de outubro de 2012

o cavaleiro viajante

O CAVALEIRO VIAJANTE


Havia um cavaleiro, que viajava pelos caminhos da vida. Em uma de suas caminhadas, cortando atalhos, entrou por aventura na mata fechada.
Ao longe, ele avistou uma senhora, que estava sentada em um tronco de árvore. Aproximou-se da velhinha e a viu chorando. Assustado com aquela cena, o rapaz dirigiu-se a ela e a perguntou: “O que está havendo, minha senhora?”.
Ela olhou para cima e falou: “Olha, seu moço, não te conto nada. Eu estou à procura de meu netinho, que desapareceu de casa, levado por uma gorila. O pai dele era caçador e trazia as caças para nossa casa, para nos alimentarmos. Um dia, em uma dessas idas, ele retornou para casa sem ter trazido nada”.
A senhora, então, prosseguiu: “Com a cabeça baixa e triste o pai dele me disse: ‘Minha sogra, hoje aconteceu uma tragédia. Eu avistei uma gorila no alto de uma árvore e apontei a espingarda para cima. Atirei nela e ela caiu lá de cima. Ao aproximar-me dela, a vi segurando um filhote, o qual parecia estar morto. Ela, então, pegou sua cria e saiu em disparada para a mata fechada, desesperada’”.
Ela continuou contando para o cavaleiro: “Após me contar esse episódio, muito triste, meu genro pegou seu filho no colo e saiu para o terreiro da nossa casa. De repente ele ouviu um rugido bem forte, próximo de onde ele estava. Foi, então, que apareceu a gorila com o seu filhote morto. Ela jogou o filhote ao chão e partiu pra cima dele, o ferindo com suas garras. Assim sendo, meu neto caiu dos braços dele. E, em uma luta desesperadora, meu genro foi morto. A gorila pegou meu netinho e adentrou-se na mata,  o carregando. Já faz uma semana que estou à procura dele e não o encontro. Infelizmente, seu moço, agora eu estou sozinha. Eu vivia apenas com meu genro e meu único netinho, visto que minha filha também já se foi. Por favor, me ajude seu moço. Pelo amor de Deus, tente encontrar meu neto!”.
Comovido, o cavaleiro respondeu: “A senhora já pode ir pra sua casa, que aqui é muito perigoso. Deixe comigo! Vou até ao fim do mundo, mas trarei seu netinho de volta! Ao encontrar seu neto, o levarei de volta para os seus braços!”.
O cavaleiro, então, abandonou o seu caminho e se aventurou na mata galopando em seu pomposo cavalo. Galopou, galopou, por muito tempo, abrindo passagem na intensa mata fechada. A caminhada era árdua e já com fome e sede, o cavaleiro bebia o resto de água que carregava consigo e comia algumas frutas que encontrava por ali. Ao acabar o pouco de água que lhe restava, foi matar sua sede em pequenos manguezais, por onde passava. Com todas as dificuldades que encontrava pelo caminho, mesmo assim, o rapaz não desistia da promessa feita à senhora.
No entanto, ao atravessar um perigoso rio, montado em seu cavalo, distraidamente, o pobre cavalinho tropeçou em um pedaço de madeira e caiu no rio.  O cavaleiro, então, bateu com a cabeça em uma pedra e acabou por desmaiar. Acabou sendo levado pela corredeira e se distanciando muito.
 Passado algumas horas, o rapaz acordou. Ainda meio atordoado, ele olhou para os lados e avistou uma arvore, na qual estava dormindo uma gorila, que segurava alguma coisa.
 O cavaleiro se apoiou em uns galhos para subir às margens do rio. Meio fraco ainda, o jovem caminhou para mais perto, para ver o que a gorila estava segurando. Tonto, viu o que era e exclamou: “Será miragem ou realidade? Parece ser uma criança!”. Compenetrado naquilo, constatou: “É mesmo uma criança! Deve ser o netinho daquela senhora!”.
 Cauteloso, o jovem pensou: “Não vou assustá-la. Eu tenho que ter calma!”. Então, ele se escondeu no meio de umas folhagens e ali, ficou pensando no que fazer. Assim, pensou: “Esta gorila tem que sair dali, para se alimentar alguma hora”.
 Ele ficou, até ao entardecer, à espera disso. Pois bem, exatamente como havia pensado o cavaleiro, a gorila desceu da árvore. Ela caminhou com a criança em seus braços até um coqueiral. Ela juntou algumas folhas secas no chão, fez um ninho, colocou a criança deitada e foi à procura de cocos, para se alimentarem. A gorila, então, subiu em um coqueiro bem alto.
 O cavalheiro teve uma ideia: “É agora!”. Ele correu até lá, pegou a criança e voltou correndo para a mata fechada. Subitamente, com a criança em seus braços, avistou o seu cavalo, subiu nele e saiu galopando. Esperto, olhou para traz e viu que a gorila os seguia. Ela estava desesperada para pegar a criança.
Nisto, ele avistou o tal rio e pensou: “Se eu conseguir atravessar, esta gorila não vai conseguir nos pegar!”. Dessa forma, ele entrou no rio, montado em seu cavalo e com a criança em seu colo. A correnteza os puxava para baixo. Mas com muita bravura, o cavaleiro se concentrava em levar a criança sã e salva, para o seio da pobre velhinha.
 Bastante valente, ele atravessou as margens do rio, até o outro lado. Ofegante, o rapaz olhou para trás e lá estava a gorila urrando de raiva e coçando a cabeça, posto que, assim, ela não poderia chegar até eles. Ele galopou, galopou e encontrou o caminho de volta, o qual os levaria à casa da senhora.
 De longe, a pobre velhinha avistou o cavaleiro chegando, com o seu netinho nos braços. Ela correu em sua direção. Ao chegar perto deles, a senhora agarrou a criança em seus braços, chorando. Emocionada ela gritou para o cavaleiro: “O senhor foi enviado por Deus! Não sei como lhe agradecer!”. O cavalheiro respondeu: “A senhora não pode morar mais aqui, porque a gorila pode aparecer novamente! Junte suas coisas e vamos embora!”.
 O cavaleiro, então, os levou consigo, para uma grande fazenda, a qual ele possuía, bem próxima à uma cidade. Diante disso, passou a cuidar da pobre senhora e do seu netinho, com muito amor.


 P.S.: Meu pai contava, que um caçador, em uma de suas caçadas, avistou um macaco na árvore. Quando ele foi atirar, apontando a espingarda, o macaco tirou um macaquinho de baixo dele. Devido à isso, o caçador não teve coragem de atirar.
Esse foi um caso verídico, o qual me inspirou a escrever esta história.


AUTORIA: Mario Garcia Aguiar


segunda-feira, 8 de outubro de 2012

meu cavalo alazão (parte 2)

MEU CAVALO ALAZÃO (PARTE 2)


 OBS.: De tanto meus netos insistirem, continuarei a história do Cavalo Alazão.

Depois do sucesso de Zéquinha e sua proeza, a qual salvou a lavoura de milho, sua família fez a colheita do milharal e, assim, eles ganharam uma boa quantia de dinheiro. Sua moradia ficava em um pequeno arraial, o qual, naquele tempo, era governado por um Rei.
Muito tempo depois, Zéquinha já crescido um pouco, apareceu no arraial, um mensageiro do Rei. Com uma enorme corneta proclamou: “TÃ-TÃ-RÃRÃÃÃÃ... ATENÇÃO, ATENÇÃO! O Rei envia esta mensagem, oferecendo sua única filha em casamento, para o jovem que conseguir escalar a mais alta montanha, montado em seu cavalo. Se conseguirem escalá-la, a princesa, minha filha, estará lá, com as alianças, para a consumação do noivado e do futuro casamento”.
Após ouvirem a célebre notícia, os irmãos de Zéquinha, foram correndo para casa do pai, dar a noticia e dizer que tentariam aquilo. O pai, então, falou: “Vão sim, meus filhos. Vocês querem muita benção ou bastante dinheiro?”. Os filhos logo gritaram: “Lógico pai, que querermos bastante dinheiro!”. E assim, os dois partiram montados em seus cavalos, os melhores daquele arraial.
Depois disso, Zéquinha, tendo ouvido o pedido de seus irmãos, também resolveu pedir ao pai: “Me deixe tentar também, papai?”. O pai o respondeu: “Ô, meu filhinho querido, a viagem é muito longa, você ainda é jovem, tens ainda dezessete anos. Ficarei muito preocupado em te acontecer algum mal”. Zéquinha insistiu. E o pai, finalmente, acabou cedendo: “Você merece filho. Vá tentar também! Você quer muito dinheiro ou muita benção?”. Zequinha, então, exclamou: “Ô pai, eu quero muita benção e pouco dinheirinho. Dinheiro apenas para as despesas”. Por fim, o pai disse: “Vá meu filho, que DEUS te dê muitas bênçãos!”E assim Zéquinha partiu, no cavalinho mais perrengue que sobrou. 
Ele caminhou várias horas, até avistar um boteco na estrada. Cansado, aproximou-se do boteco e adivinhe o que o menino viu no balcão? Seus dois irmãos tomando cachaça. Os dois, ao verem Zéquinha, gritaram: “O que essa porcaria veio fazer aqui? Vamos pegá-lo, dar uma coça nele e mandá-lo de volta!”. Sendo assim, os irmãos pegaram o menino e o surraram até ele ficar caído ao chão.
Depois desta covardia, os dois irmãos mais velhos partiram, deixando Zéquinha lá, caído ao chão. O menino, com muita dificuldade em se levantar, todo machucado, lembrou-se dos cavalos encantados, os quais lhe ofereceram que em qualquer circunstância os chamasse que eles viriam ao seu socorro. E, assim, procedeu. Gritou, ainda com dificuldades: “ME VALE MEU CAVALO PAMPA!”.
 De repente, em meio a uma névoa, apareceu aquele lindo cavalo encantado, relinchando: “Rimmmm-Rimmm-Riiimmmmmm!”. O animal começou a lamber as feridas de Zéquinha e cada uma delas, por milagre, cicatrizaram. Após sará-lo, o cavalo falou: “Suba aqui, que o levarei ao seu destino”.
O menino cavalgou por várias horas. Até avistar um pequeno arraial. Aproximou-se, mas ficou apavorado. De novo, estavam eles, seus irmãos, bebendo cachaça. Os irmãos avistaram-no e partiram para cima dele em bordoadas. Gritaram: “Ora essa. Esta porcaria por aqui de novo!”. O espancam, até quebrarem suas pernas e se foram. Caído e com muitas dores, lá ficou Zequinha, sem o seu cavalo, visto que, por maldade, seus irmãos o mataram. Com muita dificuldade, lembrou-se do cavalo Castanho e gritou: “ME VALE MEU CAVALO CASTANHO!”.
Subitamente, apareceu aquele lindo cavalo e este, começou a lamber suas feridas. Na medida em que ia lambendo, também, os machucados do menino saravam. Zéquinha, já curado, ouviu Castanho falar: “Suba aqui e vamos embora. O levarei ao seu destino!”.
Cavalgou, novamente, até encontrar uma vendinha e lá parou para almoçar. Porém, novamente quem estava lá? Seus irmãos bebendo cachaça. Ao avistarem, de novo, Zéquinha, os irmãos, raivosos, gritaram: “Não tem jeito mesmo! Vamos até lá para furar os olhos dele!”. E assim procederam. Mataram o cavalinho Castanho e deixaram Zéquinha cego.
Zéquinha se levantou, sem enxergar nada e foi caminhando, até sentir que estava em uma mata, posto que a folhagem encostava em seu rosto. Ele caminhou mata adentro, cansado, encontrou uma árvore e se deitou. De repente, ele ouviu um barulho de galhos quebrando e uma conversaria danada.
Sabem o que era? Um bando de capetinhas conversando.  Nas conversas deles, o menino escutou um comentário que falava: “Está vendo estas folhas aqui? São poderosas! As pessoas cegas podem pegá-las e esfregar em suas vistas. Ao passarem duas vezes, voltam a enxergar”. Os capetinhas foram se aproximando, de onde Zéquinha estava. O menino subiu na árvore e se escondeu nas folhagens.
Ao perceber eles indo embora, Zéquinha desceu da árvore, ainda cego, com muita dificuldade e se lembrou do comentário de um dos capetinhas, sobre a folhagem milagrosa. Ele, então, adentrou a mata, tirando as folhagens que se encontravam a sua frente.
O menino tirava as folhas e as esfregava no olho, procurando a tal folha milagrosa, para assim tentar se curar. Até que, em uma folha, ao esfregá-la em um de seus olhos, percebeu que havia enxergado. Esfregou na outra, também, e as duas vistas voltaram a funcionar.
Recuperando-se totalmente, após as pancadas recebidas, se lembrou do cavalo que ainda restava e gritou: “ME VALE MEU CAVALO ALAZÃO!”. Em meio a uma fumaceira, apareceu aquele lindo cavalo, com uma cela de ouro brilhante e gritou: “Sobe aqui! Que ninguém vai nos impedir de chegar ao seu destino!”. Zéquinha partiu em galopadas, pelos caminhos, com o cavalo Alazão. Quase voando foram em busca do destino do menino.
Chegando à montanha, onde o castelo no alto se encontrava, Zéquinha viu seus irmãos planejando subir também. Eles subiam um pouco, os cavalos escorregavam e os dois voltavam para o chão. E foi assim, repetidas vezes.
 Os irmãos, então, avistaram Zéquinha e comentaram um para o outro: “Esse porcaria ai não vai conseguir nada!”. E partiram, imediatamente, pra cima do menino. Entretanto, desta vez, o cavalo Alazão deu um coice bem forte neles, os jogando para bem longe. Alazão, então, gritou para Zéquinha: “Segura ai meu filho, que nós vamos pegar o anel da princesa!”.
Partiram pra cima da montanha mais íngreme, subindo sem dificuldade, quase voando. Então, conseguiram chegar ao topo da montanha e lá estava a princesa, no trono, ao lado do rei, seu pai. Eles os receberam com muitos fogos e em festa. Ao se aproximar mais da princesa, Zéquinha beijou suas mãos e a princesa, contente, entregou as alianças. Eles as colocaram e o rei o abraçou dizendo: “Cavaleiro, tu agora serás meu herdeiro e o novo Rei!”.

P.S.: Essa história não acaba por aqui, ainda tem mais! Ouço agora meus netos dizendo: "Acaba Vô! Acaba Vô!".

AUTORIA: Mario Garcia Aguiar


"seu moço me da minha coca " (parte 2)


"SEU MOÇO ME DÁ MINHA COCA" (PARTE 2)


OBS: Devido às insistências de meus netos, continuarei contando essa história!

Voltando à casa de meu padrinho, eufórico para encontrar Tibúrcio, bastante curioso para ouvir suas outras histórias, as quais prometeu me contar, da próxima vez em que eu passasse por lá. E, assim, eu fui caminhando.  Ao me aproximar de sua humilde casinha, ele me avistou de longe e começou a cantar: “Seu moço me dá minha Coca! A Coca que padim me deu”.
Continuou cantando, até que cheguei. Ele veio de braços abertos cumprimentar-me e falou-me: “Olá, meu amiguinho, você por aqui? Venha até a minha humilde casinha e vamos bater um papinho?”. Recebeu-me sorridente, logo foi pegando o seu banquinho e falando: “Senta ai, que hoje vou te contar a história de onde vim”.
Tibúrcio prosseguiu contando: “Eu trabalhava como maquinista de trens. Transportava cargas e passageiros. Mas aconteceu, porém, que em uma viagem, transportando passageiros, não sei se foi do seu tempo, você já ouviu falar sobre o desastre de Tanguá e.r.?”. Então, o respondi: “Lembro sim, meu pai me contou. Ele estava nesta viagem e sobreviveu. Contou que foi horrível e muitos morreram”.
Tibúrcio abaixou a cabeça e com lágrimas nos olhos, falou: “Era eu quem estava de maquinista. Vou lhe contar”. Ele continuou: “No dia, estava chovendo muito, parecia um dilúvio. Ribanceiras caíram, até que em um trecho, ao atravessar uma ponte, uma ribanceira bem grande, desmoronou, fazendo com que vários vagões de passageiros caíssem no rio. Devido as fortes chuvas, que matou muita gente, depois ainda deste acontecimento, eu desesperado, abandonei tudo e sai caminhando nesta linha sem destino. Andei um por um bom tempo sozinho por ai, vagando no frio e na escuridão. Caminhando parei aqui, achei esta casa e morando aqui, isolado de tudo, procurei esquecer. Porém, eu tinha pesadelos horríveis. Vinha em meus pesadelos, aquele desastre. Eu só melhorei, quando lhe contei, da outra vez, sobre o salvamento das vidas, do desastre que evitei, com a garrafinha e com o apito de socorro. Com este acontecimento, senti ter resgatado todas as vítimas do desastre, acontecido comigo”.
Tibúrcio ao acabar de me contar sobre sua difícil jornada, falou: “Vá meu amigo, não perca tempo! A vida é muito curta! Às vezes nos surpreende! Vá encontrar com o seu padrinho e curta. Mas volte sempre. Da próxima vez, vou lhe contar outra história mais alegre”. 
Meu amigo, então, me abraçou e, ainda, vi seus olhos molhados, me dizendo: “Até breve!”. E seguiu cantando: “Seu moço me dá minha Coca! A Coca que padim me deu”. “Seu moço me dá minha Coca! A Coca que padim me deu”. Até sumir novamente.

AUTORIA: Mario Garcia Aguiar

domingo, 7 de outubro de 2012

meu cavalo alazão

 MEU CAVALO ALAZÃO



Era uma vez, um agricultor que tinha três filhos, Zéquinha, o mais novo, João, o do meio e Pedro, o mais velho. Ele possuía uma lavoura de milho muito fértil e vistosa, na qual a colheita estava se aproximando.
Certa manhã acordou e foi apreciar seu milharal. O agricultor se espantou com a cena que viu. Os milhos estavam jogados ao chão e a folhagem toda amassada. Imediatamente, o agricultor chamou seus filhos, para ver o que tinha acontecido ali. Sem saber o que fazer, ordenou ao seu filho mais velho, Pedro, que tomasse conta do milharal durante a noite, para ver se havia algo de errado pela redondeza.
Ao anoitecer, meio aborrecido e cansado, Pedro, foi até ao milharal, pegou uma esteira de palha, estendeu-a, juntou umas folhas secas por perto, as espalhou ao chão e dormiu. Durante a madrugada, Pedro acordou, ao ouvir um barulho estranho vindo da porteira, logo gritou: “Quem está ai?”. Imediatamente, uma voz desconhecida respondeu: “Sou o cavalo Pampa!”
Curioso, o menino prosseguiu indagando: “O que você quer?”. O cavalinho encantado, então, respondeu: “Um pouco de milho, pra matar minha fome!”. Pedro respondeu, novamente: “Pare de me pedir comida e dê um fora daqui!” e se deitou para dormir de novo. O cavalo Pampa, zangado, por ser mal atendido, pulou a cerca e comeu o pouquinho de milho que havia sido salvo. Comeu, comeu, até se fartar.
Quando amanheceu, o galo Chiquinho cantou: “co-có-rí-có, co-có-rí-có!”. Ao acordar, o agricultor, foi perguntar ao seu filho Pedro, se ele tinha alguma novidade sobre o milharal. O pai ficou cheio de raiva com o que viu. O milho que sobrou, não estava mais lá. Apenas sujeira e mais folhas ao chão. Então, perguntou ao Pedro: “Meu Deus! O que aconteceu aqui, filho?”. Pedro, então, respondeu: “Não sei ao certo. Dormi um pouco, mas me lembro de um cavalo conversando comigo. O mandei ir embora”.
Seu pai, muito aborrecido, esbravejou: “Você é irresponsável Pedro! Te dei uma ordem e você não a cumpriu. Era para ter ficado de olho no milharal, a noite inteira!”. Muito chateado, o pai ao filho do meio, João, que tomasse conta, dessa vez.
E assim, novamente, ao escurecer, lá se foi o João com a mesma esteira e a mesma desobediência. Dormiu a noite toda. De repente, escutou alguém batendo na porteira. O menino logo gritou: “Quem está ai?”. Respondeu outro cavalo encantado: “Sou o cavalo Castanho!”. “O que quer?” perguntou João. “Um pouco de milho, para matar minha fome” disse o cavalinho. João, assim como Pedro, gritou: “Não te darei nada!”. E depois dormiu. Diante disso, muito levado, o cavalo Castanho pulou a cerca e comeu uns milhinhos até se fartar.
 Ao amanhecer, novamente o pai correu para ver a situação. Lá chegando, encontrou novamente o milhal amassado e uns milhos arrancados. Colocou as mãos na cabeça, desesperado com o acontecimento e esbravejou: “Meu Deus criei estes filhos com tanta dificuldade e agora não estão me retribuindo este enorme sacrifício!”.
Então, Zéquinha tomando as dores de seu pai, triste em o ver assim, tão magoado, falou: “Pai, me deixe tomar conta hoje?”. O pai, então, respondeu: “Meu filhinho, você é mais novo. Tenho medo de te acontecer alguma coisa”. Zéquinha insistiu: “Deixa pai? Nada vai me acontecer!”. “Vai, meu filhinho, já que tanto insiste” respondeu o pai.
Sendo assim, ao anoitecer, Zéquinha eufórico pegou sua violinha, um banquinho e foi chegando ao seu destino. Sentou-se no banquinho e com sua violinha começou a tocar e cantar: “O tico-tico lá, o tico-tico cá, está comendo todo, todo o meu fubá! O tico-tico cá o tico-tico lá, está comendo todo, todo o meu fubá!”.
 E assim, cantou até à madrugada, quando, novamente, bateram na porteira. Zéquinha perguntou: “Quem é?”. Então, uma voz respondeu: “Sou o cavalo Alazão!”. O menino retrucou, com sua voz calminha: “O que você quer cavalinho?”. O cavalo Alazão respondeu: “Quero um pouquinho de milho para matar a minha fome!”. Zéquinha, logo se levantou do seu banquinho, colocou a violinha de lado e lá se foi catar os milhos para o cavalinho. Com os braços cheios de espigas, as deu na boquinha do Alazão, matando sua fome. O cavalo falou para ele: “Você foi muito bonzinho, menino! Se você precisar de mim, em qualquer circunstância, é só gritar ‘ME VALE MEU CAVALO ALAZÂO’, que irei ao seu socorro!”.
  Alazão, assim, se foi e contou tudo para os outros cavalos, Pampa e Castanho. Ouvindo o acontecido, os dois, contentes, saíram galopando e também foram atendidos, com a mesma atenção de Zéquinha. Pampa ofereceu para Zéquinha, que em qualquer perigo, ele também poderia gritar: “ME VALE MEU CAVALO PAMPA”. Castanho também disse que o menino poderia gritar: “ME VALE MEU CAVALO CASTANHO”.
Ao amanhecer, seu pai, preocupado em saber como estava, chegou ao milharal e ficou deslumbrado com o que viu. Tudo estava bonito, com suas folhagens verdes, robustas, balançando ao vento. Com suas espigas de milho reluzentes, correu, abraçou seu filho e disse: “Não estou acreditando no que estou vendo! Você, sendo o mais novo, cuidou e velou tão bem da nossa lavoura, embelezando-a e produzindo-a”. O agricultor, então, beijou seu filho, ajoelhou e deu graças a Deus.
           
P.S.: Ao contar essa história, meus netos me disseram: “Vovô já acabou? Mas você nunca acaba de contar essa história!”. Eles me engabelaram muito me pedindo para conta mais. Eu os prometi que outro dia contaria o resto. 

AUTORIA: Mario Garcia Aguiar