domingo, 7 de outubro de 2012

meu cavalo alazão

 MEU CAVALO ALAZÃO



Era uma vez, um agricultor que tinha três filhos, Zéquinha, o mais novo, João, o do meio e Pedro, o mais velho. Ele possuía uma lavoura de milho muito fértil e vistosa, na qual a colheita estava se aproximando.
Certa manhã acordou e foi apreciar seu milharal. O agricultor se espantou com a cena que viu. Os milhos estavam jogados ao chão e a folhagem toda amassada. Imediatamente, o agricultor chamou seus filhos, para ver o que tinha acontecido ali. Sem saber o que fazer, ordenou ao seu filho mais velho, Pedro, que tomasse conta do milharal durante a noite, para ver se havia algo de errado pela redondeza.
Ao anoitecer, meio aborrecido e cansado, Pedro, foi até ao milharal, pegou uma esteira de palha, estendeu-a, juntou umas folhas secas por perto, as espalhou ao chão e dormiu. Durante a madrugada, Pedro acordou, ao ouvir um barulho estranho vindo da porteira, logo gritou: “Quem está ai?”. Imediatamente, uma voz desconhecida respondeu: “Sou o cavalo Pampa!”
Curioso, o menino prosseguiu indagando: “O que você quer?”. O cavalinho encantado, então, respondeu: “Um pouco de milho, pra matar minha fome!”. Pedro respondeu, novamente: “Pare de me pedir comida e dê um fora daqui!” e se deitou para dormir de novo. O cavalo Pampa, zangado, por ser mal atendido, pulou a cerca e comeu o pouquinho de milho que havia sido salvo. Comeu, comeu, até se fartar.
Quando amanheceu, o galo Chiquinho cantou: “co-có-rí-có, co-có-rí-có!”. Ao acordar, o agricultor, foi perguntar ao seu filho Pedro, se ele tinha alguma novidade sobre o milharal. O pai ficou cheio de raiva com o que viu. O milho que sobrou, não estava mais lá. Apenas sujeira e mais folhas ao chão. Então, perguntou ao Pedro: “Meu Deus! O que aconteceu aqui, filho?”. Pedro, então, respondeu: “Não sei ao certo. Dormi um pouco, mas me lembro de um cavalo conversando comigo. O mandei ir embora”.
Seu pai, muito aborrecido, esbravejou: “Você é irresponsável Pedro! Te dei uma ordem e você não a cumpriu. Era para ter ficado de olho no milharal, a noite inteira!”. Muito chateado, o pai ao filho do meio, João, que tomasse conta, dessa vez.
E assim, novamente, ao escurecer, lá se foi o João com a mesma esteira e a mesma desobediência. Dormiu a noite toda. De repente, escutou alguém batendo na porteira. O menino logo gritou: “Quem está ai?”. Respondeu outro cavalo encantado: “Sou o cavalo Castanho!”. “O que quer?” perguntou João. “Um pouco de milho, para matar minha fome” disse o cavalinho. João, assim como Pedro, gritou: “Não te darei nada!”. E depois dormiu. Diante disso, muito levado, o cavalo Castanho pulou a cerca e comeu uns milhinhos até se fartar.
 Ao amanhecer, novamente o pai correu para ver a situação. Lá chegando, encontrou novamente o milhal amassado e uns milhos arrancados. Colocou as mãos na cabeça, desesperado com o acontecimento e esbravejou: “Meu Deus criei estes filhos com tanta dificuldade e agora não estão me retribuindo este enorme sacrifício!”.
Então, Zéquinha tomando as dores de seu pai, triste em o ver assim, tão magoado, falou: “Pai, me deixe tomar conta hoje?”. O pai, então, respondeu: “Meu filhinho, você é mais novo. Tenho medo de te acontecer alguma coisa”. Zéquinha insistiu: “Deixa pai? Nada vai me acontecer!”. “Vai, meu filhinho, já que tanto insiste” respondeu o pai.
Sendo assim, ao anoitecer, Zéquinha eufórico pegou sua violinha, um banquinho e foi chegando ao seu destino. Sentou-se no banquinho e com sua violinha começou a tocar e cantar: “O tico-tico lá, o tico-tico cá, está comendo todo, todo o meu fubá! O tico-tico cá o tico-tico lá, está comendo todo, todo o meu fubá!”.
 E assim, cantou até à madrugada, quando, novamente, bateram na porteira. Zéquinha perguntou: “Quem é?”. Então, uma voz respondeu: “Sou o cavalo Alazão!”. O menino retrucou, com sua voz calminha: “O que você quer cavalinho?”. O cavalo Alazão respondeu: “Quero um pouquinho de milho para matar a minha fome!”. Zéquinha, logo se levantou do seu banquinho, colocou a violinha de lado e lá se foi catar os milhos para o cavalinho. Com os braços cheios de espigas, as deu na boquinha do Alazão, matando sua fome. O cavalo falou para ele: “Você foi muito bonzinho, menino! Se você precisar de mim, em qualquer circunstância, é só gritar ‘ME VALE MEU CAVALO ALAZÂO’, que irei ao seu socorro!”.
  Alazão, assim, se foi e contou tudo para os outros cavalos, Pampa e Castanho. Ouvindo o acontecido, os dois, contentes, saíram galopando e também foram atendidos, com a mesma atenção de Zéquinha. Pampa ofereceu para Zéquinha, que em qualquer perigo, ele também poderia gritar: “ME VALE MEU CAVALO PAMPA”. Castanho também disse que o menino poderia gritar: “ME VALE MEU CAVALO CASTANHO”.
Ao amanhecer, seu pai, preocupado em saber como estava, chegou ao milharal e ficou deslumbrado com o que viu. Tudo estava bonito, com suas folhagens verdes, robustas, balançando ao vento. Com suas espigas de milho reluzentes, correu, abraçou seu filho e disse: “Não estou acreditando no que estou vendo! Você, sendo o mais novo, cuidou e velou tão bem da nossa lavoura, embelezando-a e produzindo-a”. O agricultor, então, beijou seu filho, ajoelhou e deu graças a Deus.
           
P.S.: Ao contar essa história, meus netos me disseram: “Vovô já acabou? Mas você nunca acaba de contar essa história!”. Eles me engabelaram muito me pedindo para conta mais. Eu os prometi que outro dia contaria o resto. 

AUTORIA: Mario Garcia Aguiar

3 comentários:

  1. Meus parabéns. Que bela história. Continue sempre assim... Levando a imaginação para as crianças

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  2. NOSSA ... MINHA MÃE SEMPRE CONTAVA ESTA HISTÓRIA.... MAS A HISTÓRIA... AINDA NÃO ACABOU ... NE ?

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  3. Meu pai contava essa história...de curiosidade encontrei ela aqui! Que bom que vc não a deixou morrer! Conte o final! É muito show!

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