MEU CAVALO ALAZÃO (PARTE 2)
Depois do sucesso de Zéquinha e
sua proeza, a qual salvou a lavoura de milho, sua família fez a colheita do
milharal e, assim, eles ganharam uma boa quantia de dinheiro. Sua moradia
ficava em um pequeno arraial, o qual, naquele tempo, era governado por um Rei.
Muito tempo depois, Zéquinha já crescido um pouco, apareceu no
arraial, um mensageiro do Rei. Com uma enorme corneta proclamou: “TÃ-TÃ-RÃRÃÃÃÃ... ATENÇÃO, ATENÇÃO! O Rei
envia esta mensagem, oferecendo sua única filha em
casamento, para o jovem que conseguir escalar a mais alta montanha, montado em
seu cavalo. Se conseguirem escalá-la, a princesa, minha filha, estará lá, com
as alianças, para a consumação do noivado e do futuro casamento”.
Após ouvirem a célebre notícia, os irmãos de
Zéquinha, foram correndo para casa do pai, dar a noticia e dizer que tentariam
aquilo. O pai, então, falou: “Vão sim,
meus filhos. Vocês querem muita benção ou bastante dinheiro?”. Os filhos
logo gritaram: “Lógico pai, que querermos
bastante dinheiro!”. E assim, os dois partiram montados em seus cavalos, os
melhores daquele arraial.
Depois disso, Zéquinha, tendo ouvido o pedido de seus
irmãos, também resolveu pedir ao pai: “Me
deixe tentar também, papai?”. O pai o respondeu: “Ô, meu filhinho querido, a viagem é muito longa, você ainda é jovem, tens
ainda dezessete anos. Ficarei muito preocupado em te acontecer algum mal”.
Zéquinha insistiu. E o pai, finalmente, acabou cedendo: “Você merece filho. Vá tentar também! Você quer muito dinheiro ou muita
benção?”. Zequinha, então, exclamou: “Ô
pai, eu quero muita benção e pouco dinheirinho. Dinheiro apenas para as
despesas”. Por fim, o pai disse: “Vá
meu filho, que DEUS te dê muitas bênçãos!”. E assim Zéquinha partiu, no cavalinho mais
perrengue que sobrou.
Ele caminhou várias horas, até avistar um boteco na
estrada. Cansado, aproximou-se do boteco e adivinhe o que o menino viu no balcão?
Seus dois irmãos tomando cachaça. Os dois, ao verem Zéquinha, gritaram: “O que essa porcaria veio fazer aqui? Vamos pegá-lo,
dar uma coça nele e mandá-lo de volta!”. Sendo assim, os irmãos pegaram o
menino e o surraram até ele ficar caído ao chão.
Depois desta covardia, os dois irmãos mais velhos
partiram, deixando Zéquinha lá, caído ao chão. O menino, com muita dificuldade
em se levantar, todo machucado, lembrou-se dos cavalos encantados, os quais lhe
ofereceram que em qualquer circunstância os chamasse que eles viriam ao seu
socorro. E, assim, procedeu. Gritou, ainda com dificuldades: “ME VALE MEU CAVALO PAMPA!”.
De repente, em
meio a uma névoa, apareceu aquele lindo cavalo encantado, relinchando: “Rimmmm-Rimmm-Riiimmmmmm!”. O animal
começou a lamber as feridas de Zéquinha e cada uma delas, por milagre,
cicatrizaram. Após sará-lo, o cavalo falou: “Suba
aqui, que o levarei ao seu destino”.
O menino cavalgou por várias horas. Até avistar um
pequeno arraial. Aproximou-se, mas ficou apavorado. De novo, estavam eles, seus
irmãos, bebendo cachaça. Os irmãos avistaram-no e partiram para cima dele em bordoadas.
Gritaram: “Ora essa. Esta porcaria por
aqui de novo!”. O espancam, até quebrarem suas pernas e se foram. Caído e
com muitas dores, lá ficou Zequinha, sem o seu cavalo, visto que, por maldade,
seus irmãos o mataram. Com muita dificuldade, lembrou-se do cavalo Castanho e
gritou: “ME VALE MEU CAVALO CASTANHO!”.
Subitamente, apareceu aquele lindo cavalo e este,
começou a lamber suas feridas. Na medida em que ia lambendo, também, os
machucados do menino saravam. Zéquinha, já curado, ouviu Castanho falar: “Suba aqui e vamos embora. O levarei ao seu
destino!”.
Cavalgou, novamente, até encontrar uma vendinha e
lá parou para almoçar. Porém, novamente quem estava lá? Seus irmãos bebendo
cachaça. Ao avistarem, de novo, Zéquinha, os irmãos, raivosos, gritaram: “Não tem jeito mesmo! Vamos até lá para
furar os olhos dele!”. E assim procederam. Mataram o cavalinho Castanho e
deixaram Zéquinha cego.
Zéquinha se levantou, sem enxergar nada e foi
caminhando, até sentir que estava em uma mata, posto que a folhagem encostava
em seu rosto. Ele caminhou mata adentro, cansado, encontrou uma árvore e se deitou.
De repente, ele ouviu um barulho de galhos quebrando e uma conversaria danada.
Sabem o que era? Um bando de capetinhas conversando. Nas conversas deles, o menino escutou um comentário
que falava: “Está vendo estas folhas aqui? São poderosas! As pessoas cegas podem
pegá-las e esfregar em suas vistas. Ao passarem duas vezes, voltam a enxergar”.
Os capetinhas foram se aproximando, de onde Zéquinha estava. O menino subiu na
árvore e se escondeu nas folhagens.
Ao perceber eles indo embora, Zéquinha desceu da árvore, ainda cego,
com muita dificuldade e se lembrou do comentário de um dos capetinhas, sobre a
folhagem milagrosa. Ele, então, adentrou a mata, tirando as folhagens que se encontravam
a sua frente.
O menino tirava as folhas e as esfregava no olho,
procurando a tal folha milagrosa, para assim tentar se curar. Até que, em uma folha,
ao esfregá-la em um de seus olhos, percebeu que havia enxergado. Esfregou na
outra, também, e as duas vistas voltaram a funcionar.
Recuperando-se totalmente, após as pancadas
recebidas, se lembrou do cavalo que ainda restava e gritou: “ME VALE MEU CAVALO ALAZÃO!”. Em meio a uma
fumaceira, apareceu aquele lindo cavalo, com uma cela de ouro brilhante e
gritou: “Sobe aqui! Que ninguém vai nos impedir
de chegar ao seu destino!”. Zéquinha partiu em galopadas, pelos caminhos,
com o cavalo Alazão. Quase voando foram em busca do destino do menino.
Chegando à montanha, onde o castelo no alto se
encontrava, Zéquinha viu seus irmãos planejando subir também. Eles subiam um
pouco, os cavalos escorregavam e os dois voltavam para o chão. E foi assim,
repetidas vezes.
Os irmãos,
então, avistaram Zéquinha e comentaram um para o outro: “Esse porcaria ai não vai conseguir nada!”. E partiram,
imediatamente, pra cima do menino. Entretanto, desta vez, o cavalo Alazão deu
um coice bem forte neles, os jogando para bem longe. Alazão, então, gritou para
Zéquinha: “Segura ai meu filho, que nós
vamos pegar o anel da princesa!”.
Partiram pra cima da montanha mais íngreme, subindo
sem dificuldade, quase voando. Então, conseguiram chegar ao topo da montanha e
lá estava a princesa, no trono, ao lado do rei, seu pai. Eles os receberam com
muitos fogos e em festa. Ao se aproximar mais da princesa, Zéquinha beijou suas
mãos e a princesa, contente, entregou as alianças. Eles as colocaram e o rei o abraçou
dizendo: “Cavaleiro, tu agora serás meu
herdeiro e o novo Rei!”.
P.S.: Essa história não acaba por aqui, ainda tem mais! Ouço agora meus netos dizendo: "Acaba Vô! Acaba Vô!".
AUTORIA:
Mario Garcia Aguiar
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