"SEU MOÇO ME DÁ MINHA
COCA" (PARTE 2)
OBS: Devido às insistências de meus netos, continuarei contando essa história!
Voltando à casa de
meu padrinho, eufórico para encontrar Tibúrcio, bastante curioso para ouvir
suas outras histórias, as quais prometeu me contar, da próxima vez em que
eu passasse por lá. E, assim, eu fui caminhando. Ao me aproximar de sua humilde casinha, ele me
avistou de longe e começou a cantar: “Seu
moço me dá minha Coca! A Coca que padim me
deu”.
Continuou cantando, até que cheguei.
Ele veio de braços abertos cumprimentar-me e falou-me: “Olá, meu amiguinho, você por aqui? Venha até a minha humilde casinha
e vamos bater um papinho?”. Recebeu-me sorridente, logo foi pegando o seu
banquinho e falando: “Senta ai, que hoje
vou te contar a história de onde vim”.
Tibúrcio prosseguiu
contando: “Eu trabalhava como maquinista de
trens. Transportava cargas e passageiros. Mas aconteceu, porém, que em uma
viagem, transportando passageiros, não sei se foi do seu tempo, você já ouviu
falar sobre o desastre de Tanguá e.r.?”. Então, o respondi: “Lembro sim, meu pai me contou. Ele estava
nesta viagem e sobreviveu. Contou que foi horrível e muitos morreram”.
Tibúrcio abaixou a cabeça e
com lágrimas nos olhos, falou: “Era eu
quem estava de maquinista. Vou lhe contar”. Ele continuou: “No dia, estava chovendo muito, parecia um dilúvio.
Ribanceiras caíram, até que em um trecho, ao atravessar uma ponte, uma
ribanceira bem grande, desmoronou, fazendo com que vários vagões de passageiros
caíssem no rio. Devido as fortes chuvas, que matou muita gente, depois ainda deste
acontecimento, eu desesperado, abandonei tudo e sai caminhando nesta linha sem
destino. Andei um por um bom tempo sozinho por ai, vagando no frio e na
escuridão. Caminhando parei aqui, achei esta casa e morando aqui, isolado de
tudo, procurei esquecer. Porém, eu tinha pesadelos horríveis. Vinha em meus
pesadelos, aquele desastre. Eu só melhorei, quando lhe contei, da outra vez,
sobre o salvamento das vidas, do desastre que evitei, com a garrafinha e com o
apito de socorro. Com este acontecimento, senti ter resgatado todas as vítimas
do desastre, acontecido comigo”.
Tibúrcio ao acabar de me
contar sobre sua difícil jornada, falou: “Vá
meu amigo, não perca tempo! A vida é muito curta! Às vezes nos surpreende! Vá encontrar
com o seu padrinho e curta. Mas volte sempre. Da próxima vez, vou lhe contar
outra história mais alegre”.
Meu amigo, então, me abraçou e, ainda, vi seus olhos molhados, me dizendo: “Até breve!”. E seguiu cantando: “Seu moço me dá minha Coca! A Coca que padim me deu”. “Seu moço me dá minha Coca! A Coca que padim me deu”. Até sumir novamente.
Meu amigo, então, me abraçou e, ainda, vi seus olhos molhados, me dizendo: “Até breve!”. E seguiu cantando: “Seu moço me dá minha Coca! A Coca que padim me deu”. “Seu moço me dá minha Coca! A Coca que padim me deu”. Até sumir novamente.
AUTORIA: Mario Garcia Aguiar
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